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O Dia dos Mortos
Mas era a mulher, Frida, que o impressionava, a solidão do seu olhar rodeado de flores, uma Gioconda mesoamericana, mais triste porque violada, de que ele sonhou ser pintor. Com 60 anos de distância, os seus corpos foram velados no Palácio das Belas Artes. O fumo das suas cinzas subiu ao mesmo céu da cidade que, juntos, amaram. Descem à terra uma vez por ano para comemorar o dia dos mortos. Hoje, desta vez, encontraram-se. Gabriel Garcia Marquez na fotografia que acompan
Paulo de Lencastre
Nov 259 min read


Fim de Tarde em Diyarbakir
Quero acreditar que esta bebé vestida de vermelho se vai libertar dos véus negros da mãe para voar, livre, no nosso planeta Terra, e vai ser governada por uma ordem universal que a todos proteja e apenas reprima quem põe em causa a sua paz e harmonia. Ao meu lado uma jovem mãe levanta-se na relva com a filha ao colo. São os seus gestos ágeis a segurar a filha que me fazem imaginar uma mulher nova por detrás do véu. Na verdade o que vejo é um vulto negro com uma fresta que mal
Paulo de Lencastre
Aug 84 min read


Pantanal
E quando o sacrifício terminou, eles ofereceram-lhe a sua pose linda, que ela levou armazenada na memória para mostrar à sua tribo no fundo das águas. Era o primeiro tratado de amizade, na história do direito da natureza, entre dois sapiens humanos e uma piranha caracídea, imolada em sereia para proteger a família, em troca de sedução.
Paulo Raposo Andrade & Paulo de Lencastre
May 165 min read


Viagem ao Paraíso
Boa tarde! São dez andares para reencarnar na terra, na companhia de Cali, a deusa mãe negra dos tântricos, que no seu trono, no inferno,...
Paulo de Lencastre
Apr 246 min read


Viagem ao Inferno
A raiva dá-lhe a força para abreviar o martírio. Como o pastor mata uma ovelha querida do rebanho que já ficou velha demais para viver....
Paulo de Lencastre
Mar 264 min read


O Mordomo Patriarca
E Severino, de pé, à porta da casa grande, vigia a memória da matriarca. Já não tem de ver quem passa. Só enxerga terras sem fim de cana...
Paulo de Lencastre
Mar 213 min read


O Homem de Ferro
Mariana, que já estava doente, deixa-se morrer também. Para não ficar sozinha com o segredo. Para o continuar a partilhar com o pai adotivo, agora e para sempre, no céu. Com a morte de Mariana, a terra de São Tomé ficou apagada da família até hoje. 26 de março de 2024 Já tarde da noite, Osvaldo Pereira, em São Paulo carrega na tecla enter. Paulo Lencastre, em Gaia, recebe o email: – Sei por alguma pesquisa que este senhor Mateus Sampaio é seu ancestral… – É meu trisavô. Por
Paulo de Lencastre
Jan 516 min read


Viagem na Amazónia
Não caçámos o catitú, mas vivemos todas as dúvidas de um branco civilizado diante da sabedoria de um índio no coração da floresta. Estamos completamente dependentes do madihan que nos guia. Banú “amouni”, companheiro, é o nosso líder. Janeiro de 2004 Sexta feira, dia 16 de janeiro A viagem A vermelho - a localização da tribo Deni na Amazónia. Saímos de Porto Velho às 6h da manhã. Somos dois homens e uma mulher. O hidroavião está à nossa espera no rio Madeira, comandado pelo M
Paulo de Lencastre
Dec 7, 202417 min read


A Mangueira do Rio Vermelho
Onde Jorge Amado entronizou a sua sombra como o paraíso da casa, lugar eterno onde podemos descansar, sem foices nem martelos, nem...
Paulo de Lencastre
Oct 26, 20246 min read


A Minha Garota de Ipanema
Um dia chega uma carta a Ipanema vinda da Alemanha. A guerra tinha terminado. Estavam salvos. Tinham ficado no lado certo do destino....
Paulo de Lencastre
Oct 2, 20248 min read


O Tio Pepe
A afilhada fitou com curiosidade o seu rosto pensativo. Aqueles olhinhos ingénuos de 4 anos iriam lembrar-se dele quando fossem grandes? Pepe comoveu-se e chorou de alegria a olhar para ela. Como não sabia rezar, comprava assim a eternidade. Sexta-feira, 9 de dezembro de 1960. São mais uns anos da Joaninha. O tempo passa rápido nesta nossa idade. Pepe conseguira deixar o consultório no Chiado mais cedo, ainda passou na Benard a avisar os amigos. Foi buscar o fiel carocha
Paulo de Lencastre
Aug 4, 202413 min read


O Castanheiro do Fojo
Talvez daqui a 100 anos, quando já não crescerem mais ramos verdes nos meus braços na primavera, eu peça a quem cá more para serrar o meu tronco, fazer de mim aqui uma grande fogueira, e deixar que o vento leve algumas das minhas cinzas até ao Mar. Nasci há quase 500 anos. Menino selvagem no meio dos campos, num prado imenso sem casas próximas. Tinha vários irmãos à volta, e bichos com quem brincávamos. Abanávamos ao vento os ninhos, os gatos vergavam-nos os ramos, os pard
Paulo de Lencastre
Jul 14, 20245 min read


O Senhor do Deserto
Abrira os olhos no oásis de Garmeh, onde ruas e casas tinham a mesma cor do deserto, como se fossem construções de areia feitas pelos...
Paulo de Lencastre
Jun 30, 20245 min read


A Matriarca
Diluíra-se na água que escorreu para a terra? Ou eram os seus olhos que estavam a ficar baços demais? Talvez fosse mesmo Lakshmi a...
Paulo de Lencastre
Jun 21, 20245 min read


A Última Geração
Iria nascer um ano depois, a nona filha de uma mãe a duvidar do futuro, a ter de ensinar na escola, em inglês e hindi, que o português e...
Paulo de Lencastre
Jun 2, 20248 min read


Fado Clandestino
De algum encontro resultou uma amizade improvável, que Eva alimentou com telefonemas e cartas, e que Amália aceitou com carinho porque a vida sombria de Eva teria sido o seu mais provável destino. Há cem anos nascia Amália, a rainha do Fado. Toda a gente sabe o seu nome – Amália Rodrigues, ou simplesmente Amália como o mundo a conhecia. Estou a escrever estas linhas porque li hoje um artigo na revista do Expresso – o semanário que informa Portugal ao fim de semana – dedicado
Nuno de Lencastre
May 28, 20244 min read


O Avô Mateus
A morte repentina de Mateus deixara tudo em suspenso. As vinhas precisavam de tratamentos, senão não haveria vindima em setembro. A casa precisava de limpeza e até de obras de conforto. Mateus, com a filha Emília e o genro Paulo, na Lapa em Lisboa, entre 1955 e 1957 Dia 17 de fevereiro de 1962. Maria Emília chorava inconsolável. José Paulo procurava que a inesperada notícia telefónica dessa manhã de inverno fosse recebida pela mulher, grávida de dois meses, com alguma serenid
Paulo de Lencastre
May 19, 20248 min read


Jantar na Arcádia
Terminado o dia de trabalho, deixava para trás o austero edifício da Rua de Sá da Bandeira e fazia com prazer a desordenada Rua de Sampaio Bruno, saboreando o seu fervelho de vendedores de sonhos. O Tio Jorge marcou encontro comigo na Arcádia às seis da tarde. Era um hábito que se intensificara com os meus recém 18 anos encartados e a crise do petróleo de 1973. O Tio Jorge entregava-me o seu Audi coupé de manhã, eu levava-o ao banco, deambulava pela cidade à procura de uma bo
Paulo de Lencastre
May 10, 20244 min read


A Despedida
Um sagui, que o Tio Miguel lhe trouxe do Recife, e que compartilhou a sua vida e o seu bolso de lapela até morrer de cirrose,...
Paulo de Lencastre
Apr 21, 20246 min read


O Bon Vivant
Jorge tinha menos seis anos que Emília, a sua irmã mais velha. O irmão que veio a seguir, também Jorge, morreu antes dele nascer. Para...
Paulo de Lencastre
Mar 17, 20244 min read
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